Noticia enviada por el corresponsal LeonZ, donde se inventaría la presencia paramilitar en Colombia, y la reproducción "natural" de la para-política, fenómeno que después de un año sigue sin un efectivo tratamiento por el dúo Santos-Vargas. N de la R.
Neoparamilitares ampliam domínio territorial e aterrorizam a Colômbia
Eles surgiram no final dos anos 1960, com a justificativa do combate às FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Em 1997, os paramilitares se agruparam em torno das AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), cujo objetivo permanecia sendo a extinção da guerrilha. No entanto, sem controle do governo, cometeram verdadeiros massacres e forçaram o deslocamento de dezenas de milhares de camponeses, de olho no controle do tráfico de drogas e a pedido de grandes latifundiários e políticos.   Em 2005, durante o mandato de Álvaro Uribe, depuseram as armas  após a criação da Lei de Justiça e Paz, uma espécie de anistia aos  agressores. Finalmente, em 2008, foram extraditados aos Estados Unidos  por narcotráfico e se viram livres das condenações.          
 
Wikicommons  
  
Parte do processo de paz, a deposição de armas dos paramilitares originais não foi total  
 
Cinco anos depois, o paramilitarismo está de volta à Colômbia ou,  como analistas e políticos afirmam, só mudou de nome. Os novos grupos,  chamados de Bacrim (bandos criminosos emergentes), surgiram na ocasião  do processo de paz com as AUC, substituindo as antigas lideranças. A  diferença? Eles agora também atuam nas grandes cidades.   
 
"O triste é que todos os problemas e debates ocorreram por conta  do assassinato de dois estudantes da Universidade dos Andes, e não pelos  quase 600 colombianos que morreram em Córdoba em 2010", lamenta María  Jimena Duzán, da revista colombiana Semana.  Segundo a colunista, o país só começou a perceber a existência dos  neoparamilitares depois que, em 10 de janeiro, morreram no departamento  de Córdoba dois estudantes da universidade mais cara e prestigiada de  Bogotá.   
 
A partir de 2005, durante as audiências de Justiça e Paz, como são  chamados os processos públicos previstos pela lei de reinserção dos  paramilitares, entre 2006 e 2010 foram documentados quase 180 mil  homicídios e 40 mil desaparecimentos de responsabilidade dos  paramilitares, o que coloca o conflito colombiano entre os mais  sangrentos da América Latina.   
 
Há cinco anos, em 1º de março de 2006, surgiram as primeiras  críticas sérias ao processo de paz promovido pelo governo Uribe. Naquele  dia, a missão na Colômbia da OEA (Organização dos Estados Americanos)  publicou um relatório afirmando: "À exceção de algumas regiões, o  programa de reinserção está em crise e põe em perigo a viabilidade do  processo de paz no longo prazo."   
 
A missão, que desde 2004 acompanhava o processo de paz, se dizia  preocupada porque "comandos médios assumem o controle de ações delitivas  tradicionalmente realizadas pelo bloco ou frente ali assentados  [extorsão, cobrança de dinheiro, limpeza social, alianças com  administradores locais] e se organizam em pequenos grupos, dotados de  armas curtas, e permanecem nas zonas urbanas comunicando-se por meio de  celulares".   
 
Ou seja, a OEA, no início de 2006,  avisou o governo colombiano  que paramilitares se reagrupavam e controlavam os negócios ilegais de  sempre, mas ao mesmo tempo surgiam novos grupos que recrutavam os  desmobilizados.   
 
De acordo com Juanita León, diretora do portal informativo La Silla Vacía,  durante o processo de paz, os chefes paramilitares se entregaram, mas  deixaram escondida boa parte das armas e mantiveram o controle dos  negócios ilícitos. Além disso, passaram a liderança a seus coronéis, que  rapidamente os substituíram na cadeia de comando quando muitos foram  extraditados aos EUA.   
 
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A polícia colombiana acredita que, entre 2008 e 2009, o número de  homicídios aumentou em quatro das sete maiores cidades do país. Em  Cartagena, o aumento foi de 27%, e em Medellín, de até 60%, tanto que o  necrotério da cidade já não comporta todos os mortos diários. As  pesquisas dizem que a percepção da segurança nas cidades colombianas se  deteriorou dramaticamente. A razão principal é que os Bacrim,  diferentemente dos velhos paramilitares, operam principalmente nas  cidades. O assassinato dos dois estudantes fez com que essa realidade  chegasse à primeira página dos jornais.   
 
O candidato à presidência em 2010, Rafael Pardo, chefe do Partido Liberal, explicou ao Opera Mundi que  os bandos criminosos são resultado do processo de paz com os  paramilitares no governo Uribe. "A única coisa que conseguiram foi jogar  terra para ocultar o problema. O paramilitarismo não acabou, apenas  mudou de nome".      
 
O ex-presidente Andres Pastrana (1998-2002) comentou durante uma  entrevista que Uribe havia deixado “uma herança maldita”. Pastrana  apoiou o governo de Juan Manuel Santos e seu ministro da Defesa, Rodrigo  Rivera, definido por membros do Partido Conservador e do U como  "ministro da insegurança democrática". O ex-presidente ainda acrescentou  que Santos tem apenas seis meses e, por isso, não pode ser  responsabilizado pelos problemas de segurança.      
 
Ricardo Galán, ex-assessor de Uribe, respondeu a Pastrana: "O  ministro da Defesa estrela do governo Uribe foi precisamente o atual  presidente Santos. Dizer que os Bacrim são uma herança do governo  anterior equivale a responsabilizar Santos pelo problema, porque, por  ação ou omissão, ele permitiu a criação e o crescimento desses grupos."   
  
Providências e estatísticas      
 
Diante da emergência com os Bacrim, o governo de Santos decidiu  empreender uma mudança de estratégia. Primeiro anunciou uma virada na  segurança democrática afirmando que "combater os Bacrim é a nova  prioridade da estratégia de segurança nacional e os maiores esforços se  concentrarão em fazer frente às ameaças da criminalidade urbana".   
 
O jornalista e professor Juan Diego Restrepo acredita que as  autoridades concederam vantagem aos Bacrim, ao acompanhar o crescimento  dos grupos e pouco ou nada fazerem no passado para combater a violência.  Hoje, quando seu domínio territorial é amplo, o governo nacional  desperta da letargia e decide enfrentá-los na nova guerra nacional. 
Opera Mundi  
    
Os Bacrim agem principalmente nos estados de Caquetá, Valle, Putumayo, Nariño, Cauca e Córdoba (em azul)   
 
De fato, um informe de 2006 da polícia nacional falava em 22 novos  grupos armados integrados por quatro mil homens, enquanto a CNRR  (Comissão Nacional de Reparação) informou recentemente que existem  atualmente sete grupos principais com 6,5 mil homens (mais de sete mil  segundo o think tank Nuevo Arco Iris).      
 
De acordo com outras fontes, esses bandos controlariam a produção  de quase 148 toneladas de cocaína, a metade do que se produz na  Colômbia, e estariam presentes em 27 dos 32 departamentos do país. Os  grupos mais importantes chamam-se Rastrojos, Águilas Negras, ERPAC,  Paisas, Urabeños, Nueva Generación e Renacer e estão presentes  principalmente em Caquetá, Valle, Putumayo, Nariño, Cauca e Córdoba.  Alguns analistas dizem que em breve todos esses grupos poderão se unir  em três exércitos principais.   
 
Informes de inteligência da polícia afirmam também que, em algumas  regiões, os grupos fazem alianças com os guerrilheiros das FARC,  enquanto em outras se enfrentam, como em Cauca, onde recentemente a  guerrilha matou 19 integrantes dos Rastrojos.      
 
Segundo León Valencia, diretor do Nuevo Arco Iris, o governo  exagera ao falar dessas relações. "Sabemos que existem pactos de  não-agressão entre eles nas fronteiras entre Meta e Guaviare, em Nariño,  no Baixo Cauca antioquenho e na região de Catatumbo", disse. "Também há  acordos para permitir a mobilização da cocaína em alguns corredores  estratégicos. São aproximações temporárias e instáveis que logo acabarão  em disputas e que, em todo caso, não podem ser qualificadas de alianças  para enfrentar o Estado ou para construir projetos políticos ou sociais  de longo prazo nas regiões."   
 
Soluções  
 
Para Álvaro Villarragas, coordenador da área de desmobilização,  desarmamento e reintegração da CNRR e também do informe que faz a  radiografia desses bandos, o melhor seria começar "a reconhecer que eles  são muito mais que grupos delinquentes". De acordo com o estudo, há  cerca de 6,5 mil homens organizados em seis ou sete estruturas  principais: "Esses grupos se caracterizam por se transformar, fundir e  substituir com grande facilidade." Desses homens, 17% são  ex-paramilitares, e "daí saem os líderes, os chefes, o que recrutam, os  que dão continuidade a formas de domínio territorial armado".   
 
Martha Ruiz, analista da revista Semana,  acredita que esses novos grupos "funcionam mais como escritórios ou  redes de ajustes de contas do que como exércitos. Seus homens armados  cuidam de laboratórios e rotas, mas não têm capacidade de combate".   
 
Villarragas afirma que não se deveria falar de Bacrim, e sim de  neoparamilitares, porque "há vestígios do paramilitarismo, já que eles  têm estruturas militares, domínio territorial e, o que é pior, ainda  subsistem alguns vínculos com setores estatais, força pública e, em  menor proporção, há redes com aliados políticos". As únicas grandes  diferenças são que os novos grupos não são federados e não mantêm um  discurso anti-insurgente. 
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Valencia tem a mesma opinião: "O governo e os analistas que lhe são simpáticos se refugiaram neste falso silogismo: os paramilitares que compareceram a Santa Fe de Ralito tinham como propósito principal combater a guerrilha, enquanto os Bacrim, não. Mas as investigações acadêmicas e judiciais dos últimos anos mostraram que os paramilitares dedicaram 80% de suas energias ao narcotráfico, à usurpação de terras e à captura do poder local. É o que fazem os Bacrim. O discurso e a ação antisubversivos daqueles eram mais um ardil para legitimar suas atrocidades contra a população civil do que um componente importante de sua estratégia."
Confirmando a análise, Ariel Ávila, coordenador do Observatório sobre o Conflito Armado do Nuevo Arco Iris, disse ao Opera Mundi que, "em nenhuma região do país, a população reconhece algum tipo de descontinuidade. Dizem-nos que eles são os mesmos, mas sem farda. E se a população não percebe a mudança seis anos depois da desmobilização, é porque as coisas não mudaram".
Ávila acredita na existência de uma economia ilegal que facilita a multiplicação desses grupos: "O narcotráfico, o boom da mineração - por exemplo, os Águilas Negras dedicam-se a defender as minas ilegais - ou o boom do petróleo são formas de financiamento autônomas desses criminosos, mas há também uma relação desses grupos com partes do Estado colombiano. Por isso as pessoas não percebem uma mudança. Se os grupos forem combatidos, mas não os mercados ou poderes que os financiam e apoiam, eles ressurgirão."
Mas Marta Rodríguez acrescenta outra explicação para a contínua multiplicação dos grupos armados colombianos: "Sem dúvida, quem mais contribui com mão de obra para os bandos é a falta de oportunidades para os jovens. Este é o resultado de se viver no país mais desigual do continente depois do Haiti."
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